Aqui mais
uma vez quem fala é o amigo do planeta: Guerrilha. Deve pensar que já que sou
amigo do planeta sou automaticamente seu amigo, certo? Bom, morar no planeta
não te faz automaticamente meu chegado porque no momento o mundo está cheio de
idiotas que acreditam que os recursos naturais são infinitos. Se você é um
desses idiotas mesquinhos que apenas sugam o sangue da natureza e devolvem
lixo, contaminação e devastação eu posso afirmar que você não é meu amigo. Na
verdade é mais um de meus inimigos. Mas fique tranqüilo! Não vou invadir sua
casa na calada da noite e te transformar em adubo, bom, pelo menos não enquanto
eu tiver inimigos maiores para enfrentar.
Se essa é a primeira vez que entra
em meu blog deve estar se perguntando quem sou, de onde vim e como pretendo
salvar o planeta a qualquer custo, correto? Ok! Como já é um pedido antigo hoje
vou responder primeiramente a pergunta: de onde vim.
Nasci em uma pequena cidade rural
chamada Oranja localizada a 50km de Omini City. Uma típica e pacata cidade com
pouco mais de 10.000 habitantes que vivia basicamente da exploração da monocultura
de laranjas. Meus pais eram catadores de laranja então não tive nenhum dos
luxos das crianças ricas, mas pude ter a rara felicidade de brincar em meio à natureza
com os amigos, nadar em lagoas e aproveitar um pouco do verde que ainda sobrevivia
às plantações que cada vez exigiam mais e mais terrenos devastados de suas
matas nativas.
Fui uma criança normal,
infelizmente não posso dizer o mesmo de minha adolescência. Era no mês do
coelho, tinha 12 anos na época, eu
estava em uma excursão da escola em uma fábrica de laranja durante o dia em que
o céu caiu.
“Dia em que o céu caiu” foi como
passamos a chamar o evento dos meteoritos que varreram todo o Planeta Gênesis.
Lembro claramente desse dia, pois um desses meteoritos caiu na fábrica na qual
estava. Por sorte ninguém teve ferimentos fatais e eu consegui até mesmo levar
um fragmento do meteorito para casa.
Tudo em minha vida mudou depois
disso. Como devem saber algum dos iluministas acreditam que nosso mundo mudou
por conta da radiação desses meteoritos que alterou a matriz genética de alguns
“felizardos”(as aspas é por conta das milhares de crianças deformadas e natimortos
que nasceram depois desse evento). Eu já não tenho tanta certeza sobre essa
explicação, já que ao meu ver os meteoritos poderiam apenas ter sido o gatilho
que disparou a mudança, podem ter despertado, ao entrarem em nossa atmosfera alguma
coisa diferente na natureza que nos alterou, bom, ninguém tem muita certeza de
nada ultimamente e não serei eu o dono dessa verdade. Mas do que eu estava falando
mesmo? Ah é, da mudança que sofri a partir daquele dia. Foi estranho, de inicio
eu comecei a ter pesadelos estranhos onde eu sonhava conversar com o cactus que
ficava na janela do meu quarto, já acordado, enquanto eu caminhava para o
colégio, eu podia jurar que as arvores tentavam me dizer algo ao som do farfalhar
de suas folhas. Foram dias estranhos. Eu que era vegetariano, passei a preferir
comer carne só para evitar contato com as plantas, vivas ou mortas.
Anos de estranhezas se passaram até
o fatídico dia em que me o diretor entrou na sala de aula para avisar que meu
pai tinha falecido enquanto colhia laranjas. Ataque cardíaco, disseram. Mesmo
meu pai sendo um exemplo de saúde. Na época, com 17 anos de idade, eu não engoli muito essa história, mas o que
um garoto pobre com delírios poderia fazer? Não podia fazer nada além de
suspeitar, mesmo assim um dia matei aula e fui até o lugar que encontraram meu
pai. Nesse lugar, em meio ao laranjal, pela primeira vez em anos me permiti
escutar o que as plantas tinham a dizer. E por maior loucura que tenha parecido,
elas me contaram a história de dois capangas da fábrica que derrubaram meu pai
da escada e que nele injetaram fertilizante puro.
Devem estar pensando como as
plantas me contaram isso não é mesmo? Plantas não falam da mesma forma que nós,
elas não tem boca ou telepatia, mas consigo de alguma forma captar sua emoções
e imagens que elas presenciaram e que estão dispostas a compartilhar, por isso
digo que elas “conversam” comigo. Nessas imagens com sons meu pai dizia não a
uma proposta de acordo com o dono do latifúndio. Meu pais estava convicto a processar a fábrica
junto com seus amigos de cooperativa por algum motivo que ainda desconhecia.
Mas como ele não pode ser comprado, acabou silenciado.
As plantas também me contaram que
elas vinham sofrendo muito com o solo cada vez mais exaurido, com o uso de
adubos sintéticos e fertilizantes agressivos. Acres a perder de vista que
ocupavam 95% da cidade estavam contaminados e a única pessoa disposta a denunciar
isso estava morta. Alguém tinha que fazer alguma coisa.
O resto é história é conhecida por
todos que ligaram a TV nessa época. Misteriosamente um a um, os donos da fábrica
foram encontrados mortos em suas casas depois de receberem uma exótica e exuberante
plantinha do mundo antigo chamada bronquia. Plantinha essa que gentilmente pedi
que transformasse todo o oxigênio do ambiente em gás tóxico. Isso é uma confissão?
Ah sim! Fiz isso com muito orgulho! Orgulho igual ao do dia que fiz com que várias
raízes destruíssem os tratores da fábrica. Com o tempo fui dando tanto prejuízo
para o latifúndio, que os novos donos consideraram o negócio improdutivo e o venderam
a preço de banana para a cooperativa que hoje explora o cultivo de laranja, e
de outras culturas de forma orgânica e com respeito ao meio ambiente.
Minha mãe hoje ajuda a administrar
e cooperativa e vive bem. Quanto a mim cruzo o globo em guerra contra todos
aqueles que não respeitam Gênesis.
Mas e quanto aos outros meta-humanos
que se revelaram nesses últimos meses? Bom, vou ser bem sincero, nenhum deles
ainda foi capaz de despertar meu interesse. Acho que eles estão ocupados demais
tentando ser mais extravagantes que os outros. Todos possuem grandes poderes,
mas a maioria só pensa em si mesmo ou se dedica a causas pequenas. Talvez eu
esteja errado, caso eu esteja sendo injusto e você seja um desses que acreditam
estar fazendo a diferença, por favor, entre em contato comigo para que eu possa
conhecer um pouco mais sobre você. Mas fica a dica para aqueles que tentarem me
armar uma cilada: sou como a natureza, posso ser agredido, explorado e
devastado, mas sempre dou um jeito de voltar e me vingar de meus agressores.
Hoje o eco-terrorista Guerrilha
encerra por aqui. Semana que vêm conto mais sobre mim e sobre as coisas incríveis
em pró da natureza que vou realizar na maior cidade do mundo: Omini City